Perdeu o Fórum Econômico Mundial de maio? Reunimos aqui alguns dos principais assuntos

A 2ª edição do Fórum Econômico Mundial deste ano aconteceu em maio e a Guerra da Ucrânia tomou conta das discussões. Seja por conta da instabilidade geopolítica, seja por seu impacto nos setores energético e de alimentos. Mas outros assuntos interessantes, relevantes – e que podem impactar diversos negócios – foram discutidos. Reunimos, então, a seguir, 10 temas abordados pelo Fórum e que merecem ser acompanhados de perto.

Expectativa para o futuro

Ainda não foi nesta edição do Fórum que as expectativas ficaram mais otimistas. A Guerra na Ucrânia deve continuar impactando o setor de energia e de alimentos. Espera-se energia mais cara, inflação em crescimento e uma demora ainda maior para que as cadeias de fornecimento se restabeleçam.

Especificamente sobre a América Latina, as previsões para 2022 foram ajustadas para baixo e a estimativa é de que a região cresça entre 1,8% e 2,4%.

Globalização em cheque no Fórum Econômico Mundial

A guerra e os consequentes problemas nas cadeias de suprimentos têm feito alguns países intensificar relações com aliados ou pares regionais. Isso colocou o tema da desglobalização no Fórum Econômico Mundial.  Alguns líderes, entretanto, saíram em defesa da globalização, entre outros motivos, pelo entendimento de que não há crescimento possível para as empresas sem diversidade de mercado e integração global.

Crise alimentar

A diretora geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, alertou que é preciso encontrar soluções para uma crise alimentar real. Somente a Ucrânia, por exemplo, tem 25 milhões de toneladas de grãos que não consegue exportar por conta do bloqueio naval no mar Negro.  Ela sugere que os países deixem de impor restrições à exportação de alimentos, já que elas provocam aumento de preços e intensificam o problema.

Economia limpa

Depois da Guerra na Ucrânia, a transição para uma economia limpa e a crise climática foi o segundo tema mais discutido em Davos. A Guerra tem atrasado a transição, já que faz países europeus voltarem a investir em carvão, petróleo e gás natural no curto prazo, para compensar a perda de fontes de energia vindas da Rússia. E isso deixa a transição para uma economia limpa mais distante.

Responsabilidade climática no mercado financeiro

Por outro lado, cerca de 110 instituições financeiras de 40 países se comprometeram a zerar as emissões de carbono de suas carteiras até 2050, no que foi chamado de Net-Zero Banking Alliance (NZBA). A pauta ESG é cada vez mais forte.

Imposto sobre fortunas

Um relatório divulgado às vésperas do Fórum chamado “Lucrando com a Dor” mostrou que uma parte da população mundial ganhou, em dois anos, o equivalente aos últimos 23 anos. A informação deu fôlego a uma iniciativa lançada durante reunião online do Fórum Econômico Mundial, em janeiro, que propunha aumentar impostos sobre grandes fortunas. De lá a maio deste ano, o número de signatários dessa proposta subiu de 100 para mais de 150, mas a efetividade de uma medida como essa ainda é controversa.

Algumas estimativas dão conta de que um imposto patrimonial líquido, com alíquotas que variam de 2% a 5% sobre fortunas pessoais acima de US$ 5 milhões, poderia gerar US$ 2,52 trilhões em todo o mundo. Esse valor seria suficiente para tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza, ou 70% do total de pessoas vivendo hoje nessa condição.

Great resignation

A tendência de demissões voluntárias, que teve início em 2021, deve continuar, segundo Davos. Uma pesquisa divulgada no Fórum mostrou que 1 em cada 5 profissionais pretende mudar de emprego nos próximos 12 meses. E para 60% é importante estar em um ambiente em que a equipe se preocupe com o bem-estar. 

Novos modelos de trabalho

Esse foi um dos temas discutidos em Davos, com destaque para a semana de quatro dias úteis e para modelos híbridos de trabalho.

Os Emirados Árabes Unidos são uma referência importante desde que o governo local implantou a semana de 4 dias úteis, no início deste ano. Desde então, cerca de 70% dos funcionários relataram trabalhar com mais eficiência e houve redução de 55% nas faltas. Além da melhora no bem-estar pessoal e do fortalecimento de laços comunitários e familiares, a medida também tem impacto econômico. Isso porque com um final de semana maior, as pessoas acabam gastando mais com lazer.

Sobre a questão do trabalho híbrido, o psicólogo organizacional da Wharton School da Universidade da Pensilvânia, Adam Grant, fez um alerta: “a flexibilidade que as pessoas mais desejam no trabalho não são as escolhas sobre onde trabalham, mas quando e quanto trabalham”.

Como se preparar para a próxima pandemia?

Foi consenso a necessidade de uma coordenação Global – envolvendo inclusive parcerias público-privadas – para preparar os países para uma nova pandemia. Essa coordenação envolve desenvolver a capacidade de testar, tratar e criar vacinas para próximas pandemias. O que, por sua vez, requer investimento em saúde, inclusive em países menos desenvolvidos que ainda lidam com doenças já superadas em outros países, e também na investigação de novos patógenos e na revisão de políticas globais para ajudar países que encontram variantes e novos vírus, não os punir.

Tecnologia e metaverso no Fórum Econômico Mundial

Pesquisa Global divulgada pela Ipsos mostrou que para 66% da população mundial, o metaverso deve impactar o ensino a distância, 64% acreditam nos impactos do metaverso na indústria do entretenimento, 62% nas formas de trabalho virtuais, 60% na indústria de games, 59% em relação a socialização e também na área de saúde.

Um painel dedicado ao assunto discutiu a necessidade de regulação desse ambiente, tanto em nível local quanto global. Outro ponto foi o desafio de se desenvolver conteúdos exclusivos que possibilitem experiências únicas e exclusivas neste universo.

Para se aprofundar em algum desses assuntos, vale acessar os vídeos dos painéis, disponíveis no site https://www.weforum.org/

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