Você já deve ter ouvido pessoas mais experientes dizendo que na época delas os produtos duravam mais. E também já deve ter ouvido outras pessoas reclamarem que os produtos não duram nada hoje em dia e logo se tornam obsoletos. Passamos de um ciclo de vida de produtos alto, para ciclos curtos, que incentivam a troca constante, até chegarmos a uma encruzilhada. Para cumprir as metas climáticas, empresas de todos os setores se voltam para a economia circular. Ou seja, elas precisam rever seus processos e pensar em toda a sua cadeia produtiva. Isso inclui decidir o que fazer com produtos que não servem mais ou com as sobras e os resíduos da produção.
Uma pesquisa de 2021 divulgada pelo Fórum Econômico Mundial neste ano mostra que cerca de 33% dos executivos esperam que seu setor seja afetado por novos negócios que pensem a circularidade dos produtos. Além disso, 50% deles esperam que a economia circular se torne o “novo normal” para todas as empresas na próxima década.
Isso exige uma nova forma de pensar o negócio, de organizar a cadeia de produção e de estabelecer parcerias. O problema é que metade dos entrevistados nessa pesquisa disseram ter tido baixo retorno sobre os investimentos feitos em direção a uma cadeia produtiva circular. Apesar disso, é inegável que a mudança para uma economia circular é estratégica.
Para se ter sucesso nesse movimento é preciso estar atento a cinco dimensões principais.
O primeiro passo de qualquer negócio que pretenda implementar um sistema de economia circular é mapear toda a cadeia produtiva. Em seguida, identificar os principais gargalos à circularidade e os pontos onde há desperdício de insumos ou de energia. Então, a partir desse mapeamento, é possível compreender a situação da organização em relação ao mercado, seus limites e trabalhar para superá-los.
Uma vez que a cadeia esteja mapeada é importante dar o passo seguinte. Ou seja, estabelecer metas em direção à circularidade e alinhando essas metas à proposta de valor da companhia. A partir daí é necessário criar um sistema de governança, para garantir o alinhamento de todo o time a essas metas e a possibilidade de rastrear e monitorar seu cumprimento.
Nada disso é possível sem coleta e análise de dados. E neste aspecto a tecnologia é a principal aliada, tanto para identificar os dados necessários, como acessá-los e utilizá-los de forma inteligente. Afinal, com ela é possível superar processos manuais e ajudar a priorizar soluções capazes de escalar a produção.
Pensar na circularidade da cadeia produtiva significa buscar parceiros que possam ajudar a repensar a destinação de resíduos. Ou mesmo a dar uma segunda vida a produtos que se tornaram obsoletos na sua função original. Nesse sentido, é importante identificar quem pode influenciar todo o ecossistema em que a empresa opera e em seguida criar incentivos para a participação desses parceiros e buscar certificações.
Antes de mudar toda a cadeia, é recomendável começar com um projeto piloto, testar, fazer as adaptações necessárias e só então escalar.
No Brasil, segundo pesquisa da Confederação Nacional da Indústria, a circularidade já é desenvolvida em algum nível por 76,5% das indústrias. Entre as práticas adotadas estão a otimização de processos (56,5%), a utilização de insumos circulares (37,1%), a recuperação de recursos (24,1%), a extensão da vida dos produtos (22,9%), a utilização do produto como serviço (20%), virtualização (16,5%) e compartilhamento (15,9%).
Esses indicadores estão alinhados com a pesquisa apresentada em Davos. De modo geral, os executivos têm procurado mexer menos no modelo de negócios e fazer pequenos ajustes na cadeia produtiva em direção à circularidade. Por exemplo: incentivar o uso de materiais recicláveis, buscar sistemas de gestão que ajudem a identificar e diminuir o desperdício na cadeia produtiva. Por fim, pensar na segunda vida de produtos com parceiros externos.
Um dos exemplos de economia circular que estiveram em discussão em Davos neste ano é a CaaStle. Uma plataforma que ajuda varejistas a oferecer roupa como serviço. Ou seja: ao invés de comprar, as pessoas podem alugar as roupas por um tempo. Elas são monitoradas por meio de adesivos com radiofrequência que servem para identificar e rastrear as peças, uma tecnologia chamada RFID – radio frequency identification).
Mas há também exemplos no Brasil. Um deles é a Brasken, que anunciou recentemente que vai investir R$ 130 milhões em três projetos de economia circular. Eles envolvem a construção de um centro de desenvolvimento de embalagens circulares, a implantação de uma fábrica de reciclagem mecânica em Indaiatuba (SP) e a instalação de uma unidade de reciclagem avançada no Brasil. Para isso, atuará em parceria com a Valoren, empresa especialista em gestão de resíduos e desenvolvimento de tecnologias de reciclagem.
Outra iniciativa nacional foi divulgada em janeiro deste ano. É a união entre a Associação Brasileira do Alumínio e a Associação dos Fabricantes de Latas de Alumínio para criar a Recicla Latas. Sua função é gerir projetos de reciclagem de embalagens de alumínio no país.
Finalmente, no setor agro, a sucroalcooleira UISA e a Geo Biogás & Tech estabeleceram uma joint venture para levar o biogás ao Centro-Oeste a partir de resíduos da agroindústria da cana. A previsão das empresas é investir R$ 200 milhões no negócio.
A circularidade da economia é um tema que tem preocupado empresas de todo o mundo, tanto que o Fórum Econômico Mundial criou a iniciativa “Acelerando a Produção Sustentável por meio da Rastreabilidade Digital”, que explorará como as corporações podem selecionar melhor os modelos de negócios circulares para atingir seus objetivos e começar a implementar mudanças em suas organizações.
E por aí? Já parou para pensar como adaptar o seu negócio à economia circular? A Grão Inteligência pode ajudar sua empresa nessa empreitada. Entre em contato com a gente.